CRONOLOGIA DAS REVOLTAS #1: Quilombo de Palmares.

Com a guerra entre os portugueses e os holandeses, muitos escravizados fugiram para regiões da mata. Todos que conseguiam escapar, com vida, encontravam quilombos e mocambos para residir junto com outros grupos que também eram foragidos.

O número de habitantes nos mocambos aumentava gradativamente, até que a escravidão se tornou inviável nos arredores do Quilombo de Palmares. Os portugueses resolveram reagir. Enviaram um missionário, um padre, que era totalmente a favor da escravidão dos negros e nativos da região. “Todo negro fugirá para Palmares com seu capital, que não é outro, além de seu próprio corpo.

O capitão militar Fernão Carrilho capturou, num grande certo, cerca de 200 habitantes quilombolas, incluindo parentes de Zumbi, como seu tio e líder Ganga Zumba, que, fazendo acordo com coroa portuguesa, aceitou que os quilombolas sairiam dos mocambos e residiriam em Cucaú, além disso, seriam reconhecidos como suditos do rei de Portugal. Quem nasceu em Palmares, “seria livre”, quem nasceu fora de Palmares, escravizados. A partir desse momento houve uma quebra entre os palmaristas, alguns ficando com Ganga Zumba, outros com Zumbi, que se tornou o grande líder do grupo.

Logo após esse acordo, Ganga Zumba morreu envenenado e todo o acordo feito com a coroa portuguesa foi quebrado. Cucaú foi considerado território rebelde e os habitantes do mocambo foram, em sua maioria, capturados, mortos e poucos conseguiram escapar para mocambos da região. Essa invasão foi consolidada pelos Bandeirantes que, segundo historiadores, eram mercenários e combatentes de guerra. Relatos mostram que o mesmo grupo combateu os holandeses na Angola.

O principal trabalho deles era invadir, roubar, matar e conquistar espaço e Zumbi dos Palmares era seu próximo alvo.

Em fevereiro de 1694, os bandeirantes construíram um contra cerco, chegando à Serra da Barriga em pouco tempo, abrindo a mata com facão e usando escravos para carregar uma arma de guerra nunca vista antes, um canhão. O objetivo era romper a barragem para o quilombo e, após a explosão, centenas de pessoas morreram, ou pelo estrago do canhão, ou pelas armas dos bandeirantes. Poucos conseguiram fugir, muitos foram capturados.

Zumbi e um pequeno grupo escaparam e se alojaram na Serra Dois Irmãos, num esconderijo entre as quedas d’agua da cachoeira. Em 1695, Antônio Soares, torturado por André Furtado, relatou o esconderijo do líder quilombola.

Zumbi foi metralhado e teve a sua cabeça exposta como sinal de alerta para que não houvesse mais revolta ou tentativas de fugas entre os escravos na capitania.

Neste dia, 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares se tornou o primeiro exemplo de revolução negra no Brasil, sendo exemplo para milhares que vieram após ele como líderes ou revoltas organizadas contra o abuso e racismo direcionado as pessoas negras no Brasil.

Zumbi não agiu sozinho. Desde a infância teve a liderança e presença feminina, como sua avó Aqualtune, princesa legitima que após a morte do pai, no Congo, foi vendida assim como seus súditos. Chegando em Pernambuco, foi comprada como escrava reprodutora, ou seja, era estuprada e seus filhos, ao nascerem, seriam escravos filhos do senhor do engenho. Dizem que Aqualtune, ao descobrir que grupos se organizavam para fugir das fazendas e do abuso, fugiu nos últimos meses de gravidez e que, ao chegar em Palmares, foi reconhecida por muitos como a Grande Rainha.

A cultura africana reinava nos quilombos, do qual podiam reverenciar seus protetores, cantar e viver em conjunto. Lá criou Zumba, Zona e Sabina – mãe de Zumbi, organizou estratégias de defesa de guerrilha, criou o conselho de chefes, típico na cultura africana, e assim, com a expansão dos palmaristas – que chegou ao ápice de 20.000 pessoas-, cada mocambo tinha o seu chefe, que ganhava o nome de Ganga.

Não se sabe se Aqualtune morreu de velhice, de doença ou de bala. Alguns dizem que fugiu em uma das invasões aos mocambos. Outros relatam que sua morte foi tranquila e ela ascendeu e vive até hoje dentro de cada mulher negra. Aqualtune é vista como um símbolo feminino de resistência e luta pela liberdade das mães, mulheres, filhas, netas e pessoas negras.

Dandara dos Palmares, esposa de Zumbi dos Palmares, teve a influencia da grande ancestral da família. Era guerreira armada e lutava, ao lado de mulheres de homens, para a proteção e preservação do território de Palmares. Dandara não ficava atrás de Zumbi na liderança. Lado a lado, combateram muitos invasores e destruíram cercos.

Há 326 anos atrás, Dandara dos Palmares não lutava pela igualdade das mulheres, ela lutava pela vida de todos os que viviam no grande Quilombo dos Palmares e todos aqueles que eram abusados e escravizados pela cor da pele.

A garra de Dandara dos Palmares vive no peito de todas as mulheres. Deixe inflar.

VIDAS NEGRAS IMPORTAM.

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